Olá pessoal. Eu como uma admiradora de histórias, também postarei uma fanfic do Clã Olympus, não com muita frequência como o Dark, mas prometo enviar pelo devido ao meu tempo escasso. Espero que gostem d(^_~)



O Sol surge mais uma vez na Vila Ganzei, secando o orvalho da manhã e despertando os habitantes do local. Lojas abrindo, aroma de café da manhã, jovens discípulos do Traili treinando cedo e a suave brisa da manhã atravessando becos e ruas, espalhando uma notícia nada agradável aos guerreiros atorianos. O vento embuído com odor fétido chegava ao centro de Ganzei ... Algo havia ocorrido nas proximidades da floresta.

Nas montanhas longe do alvoroço da vila, o Portal dos Mares erguia-se majestoso com o dourar do amanhecer. Alguns jovens já estavam despertos, aperfeiçoando seus atributos e aprimorando o manejo de suas armas. Via-se em campo Sawako, Kalil, Jolteon, Draclaw, Orknine e Darkvegeta, todos treinando arduamente sob a supervisão de Poseidon.
- Suas forças precisam ser ampliadas! Evite a dispersão de suas mentes! Concentrem-se e elevem o poder de seus atributos... - Poseidon disse com sua voz imperiosa segurando Kõrudo Umi em uma das mãos enquanto circulava entre os membros do clã. Os movimentos regulares e ritmados dos jovens mostravam que sabiam lutar, mas isso não era o mais importante, precisavam de concentração para evitarem golpes aleatórios e, às vezes, deixavam-se levar pela excitação da luta e a confiança exagerada subia-lhes a cabeça.
O treino não durou muito tempo, atravessando o Portal vinha DarkFinal ofegante e balbuciando palavras de difícil compreensão e apressadamente foi ao encontro de seus companheiros. Enquanto recuperava o fôlego, começou a narrar o fato que havia deixado tanto ele quanto os moradores de Ganzei espantados.

DarkFinal olhou para Poseidon e disse com sua voz esbaforida:
- Os guardas encontraram corpos nos arredores da floresta. Não sabemos quem ou o quê são... Pensamos que fossem onis ou ciclópes*, mas são maiores, cerca 3,5 metros talvez ... Todos estão queimados, não parece que foi por fogo ou algo proveniente deste, não sei ao certo mas desconfio que seja por magia, as queimaduras estão localizadas em pontos vitais dos corpos, exalam um cheiro forte e repugnante ... Nunca havíamos visto tais criaturas.
- Desde a Operação Coelho Guerreiro, não havia notícias tão quentes como essa... - falou Jolteon surpreso e ao mesmo tempo excitado pela descoberta. Sawako ao lado, surpresa comentou:
- Sei que a floresta esconde perigos, mas não sabia que existiam criaturas desse porte, se é que, essas criaturas vieram realmente de dentro da floresta.

Muitos sabiam que a floresta ocultava perigos, principalmente para os desafortunados, um lugar onde a morte caminha tranquilamente, podendo cruzar o caminho de qualquer um a qualquer momento. De plantas venenosas a animais selvagens, seres já relatados e arquivados no acervo da Biblioteca da Torre e nas memórias dos anciões da vila, nenhuma história fazia menção às criaturas que apareceram nos limites da floresta.

Os guerreiros do clã ficaram conturbados, tanto pela notícia recebida quanto pelo fato de descobrirem que Atoras ocultava criaturas ainda não visíveis aos olhos dos atorianos. Poseidon com seu raciocínio exímio, bateu Kõrudo Umi no chão e num instante as vozes emudeceram e o deus falou:

- Vamos coletar o máximo de informações possíveis. Sabemos que o regime político em Atoras provavelmente abafará a questão para não alarmar o povo. Sawako vá à floresta e extraia o máximo de informações dos youkais; Darkvegeta volte à vila com DarkFinal e consiga declarações confiáveis dos guardas; Kalil e Draclaw verifiquem a informação com Pintchersr e Marinaul, creio que não haverá empecilho quanto a isso; Jolteon entre em contato com os samurais da Torre central; e Orknine, informe os outros membros do clã: hoje a noite haverá reunião.

A inquietação pairava sobre a vila de Ganzei. O povo não discorria a respeito do fato sinistro. Darkvegeta e DarkFinal tentavam conversar com os guardas que vigiavam os limites de Ganzei e com outros samurais conhecidos para obter alguma uma informação valiosa ou que fornecesse alguma pista das criaturas. Sawako correu para a floresta, conhecia muitos youkais, mas foi
direto ao encontro de Nazire, depois de Keita Lum e Mimi para verificar se algo de estranho ocorrera durante a noite. Kalil, Jolteon e Draclaw seguiram junto com Dark e Vegeta, contudo direcionaram-se para lados opostos, os dois shinigamis e Jolteon foram em direção à Torre central. Orknine havia feito um bom trabalho, localizou o máximo de membros que estavam nas montanhas e os demais que estavam dispersos em Ganzei.

Anoiteceu. A entrada da sala de reuniões do Olympus estava iluminada com diversos castiçais que realçavam as gravuras nas paredes de grandes guerreiros que existiram outrora em Atoras e de deuses e titãs do antigo Olympo e Ótris. Adentrando ao local viam-se os integrantes sentados com suas lustrosas armaduras ao redor da mesa aguardando o início da reunião, todavia, nem todos os lugares estavam preenchidos...
Na ponta, via-se notavelmente Poseidon e seu Kõrudo Umi ao lado, contudo deixara de usar sua armadura de prata e agora vestia uma armadura dourada, que reluzia com a iluminação do ambiente, tornando a aparência do mesmo mais madura e ponderada, confirmando sua posição digna de líder do clã. A mesa estava dividida: de um lado se encontrava os titãs e seus guerreiros, e do outro, os deuses com seus combatentes. A reunião começou, todos voltaram à atenção às palavras de Poseidon, que disse em tom firme: - Creio que todos estejam sabendo do fato ocorrido nas proximidades da floresta... Não se trata de algo inofensivo, apesar dos governantes declararem que não há nenhum perigo iminente envolvendo Ganzei. Por isso, solicitei a alguns membros que obtivessem mais informações a respeito... - Poseidon olhou para Sawako e deu sinal para que começasse a discorrer sobre as informações obtidas.

A youkai estava pronta pra contar sobre seu informe, inspirou profundamente e falou:
- De início fui para a floresta e conversei com Nazire , Keita Lum e Mimi para descobrir o que aconteceu durante a noite. Contaram-me que alguns youkais viram clarões a sudoeste da floresta, precisamente relâmpagos avermelhados que duraram cerca de 1 minuto. Seguiram nessa direção para verificar o que havia ocorrido, mas quando chegaram próximo do possível local, encontraram somente sangue e indícios de luta, a terra estava revirada e diversos galhos de plantas estavam partidos. Nazire afirmou que pelo estado do local, eram corpos grandes, talvez onis, assim como Dark havia-nos informado, porém também discordaram devido ao tamanho do estrago. Estou certa de que algo não está cheirando bem em Ganzei ... - Sawako finalizou seu relatório e agora era a vez de Darkvegeta se pronunciar:
- Eu e DarkFinal conseguimos algumas informações dos soldados que guardam o Portão Oeste da vila. Informaram que também viram ao longe luzes na floresta, porém ignoraram pois acharam que fosse alguma cerimônia realizada pelos youkais, no entanto depois de um certo tempo, uma névoa cinzenta surgiu na planície e logo se dissipou, os guardas ficaram receosos, mas nada aconteceu depois disso.

Faltava apenas o relatório de Jolteon e dos shinigamis Kalil e Draclaw para finalizar a reunião.Todos estavam esperançosos com as informações trazidas de Pintchersr, que dificilmente visitava o Templo Ótris devido às suas tarefas e obrigações como Shogun. Entretanto, as feições dos três não estavam nada agradáveis, principalmente depois do que Jolteon disse, o que causou grande impacto e decepção nos integrantes presentes, sobretudo em Kalil, que tentava segurar as lágrimas em seus olhos cor de rubi e em Poseidon, que considerava Pintchersr um inestimável companheiro, e não conseguiu acreditar no que acabara de ouvir.

Ao mesmo tempo em que ocorria a reunião dos membros do clã Olympus, uma silhueta esgueirava-se no muro oeste da vila. A figura vestia um manto negro e um que capuz que ocultava sua face, sua vestimenta flutuava fantasmagoricamente com o vento. Com um salto, alcançou o muro e adentrou sorrateiramente no terreno de Ganzei. Procurava por alguém, seu andar demonstrava que conhecia as ruas da vila, pois dobrou esquinas e passou por becos sem tropeçar ou parar para pensar com seus passos apressados. Subiu uma rua mal iluminada, pois algumas tochas já estavam apagadas e parou próximo a uma árvore. A iluminação era fraca, mas podia-se ver agora um ser de estatura mediana e olhos que aparentavam flamejar como as tochas, seu olhar estava fixo em um estabelecimento. Sutilmente mais um corpo se juntou ao ser de manto negro, mas este era mais alto, atlético e seu manto era rubro. Ambos se olharam, fizeram sinal com a cabeça e direcionaram sua visão para a mesma direção.

Com o anoitecer, a maioria das lojas e casas estavam fechadas, porém um único estabelecimento ainda estava aberto: A Taberna dos Viajantes, um lugar onde todas as classes se reuniam para se divertir, jogar cartas, dançar e beber, um ótimo lugar principalmente para viajantes e andarilhos de outras localidades de Atoras. O dono era um samurai aposentado, desgastado pelas batalhas que decidiu abrir uma taberna para gozar da vida que lhe sobrara. O velho samurai olhava satisfeito o movimento da taberna com um sorriso no canto da boca. Sorriso que logo desapareceria.

Quatro onis bebiam em uma mesa e mostravam um para o outro suas clavas recém-compradas na loja de Toyo Kajiya, um grupo de youkais fêmeas dançavam graciosamente na pista junto com seus parceiros ao som da música, um ou outro passava sutilmente entre as mesas e afanava algumas coins dos bolsos dos frequentadores. No balcão cinco shinigamis bebiam suas cervejas e em uma mesa redonda seis monges jogavam cartas, do outro lado da taberna oito samurais contavam piadas e gargalhavam enquanto bebiam seus sakes. No meio do local, os ninjas ocupavam as mesas, contando histórias sobre suas missões e quão ágeis são. A noite estava agradável até o momento em que a porta foi arremessada taberna adentro, o que fez com que corpos caíssem no chão e sobre as mesas com o impacto. Quem estava próximo foi atingido por estilhaços de madeira. Uma poeira se levantou, o que impossibitou ver o que havia atingido a porta, mas assim que se dissipou viu-se adentrar duas criaturas encapuzadas. A criatura de manto rubro fechou a mão esquerda e rapidamente a abriu, um círculo de luz avermelhada surgiu em sua palma.

Dois ninjas rapidamente se levantaram e foram em direção aos desconhecidos, mas sua agilidade de nada adiantou, cinco passos antes de chegarem próximo, foram empurrados bruscamente para cima das mesas e um forte impacto foi ouvido. Um líquido rubro escorreu pela face dos ninjas desacordados. Um campo de força avermelhado havia se formado em volta dos seres. Enquanto adentravam o estabelecimento, seus pés pararam de tocar o chão e seus corpos flutuaram envoltos pelo campo. Os onis levantaram suas clavas e urraram, porém quando a clava de um deles desceu para acertar o campo, o encapuzado de manto rubro levantou o braço direito e colocou sua mão em direção ao oni. Uma rajada de energia atravessou o campo e acertou o peito do demônio, que foi arremessado em cima da pista onde as youkais assustadas estavam. Mais um corpo caiu inconsciente. Dois lampejos saíram novamente de sua mão acertando o ombro de um samurai que estava em posição de ataque, lhe causando uma queimadura horrenda; e o joelho de um shinigami que mal conseguiu erguer sua foice e que explodiu um urro de dor e agonia. Os guerreiros olhavam fixamente para as criaturas e estas apesar de não mostrarem seus rostos, um sorriso maléfico estava claramente à vista. Não havia pra onde ir e a única maneira plausível era enfrentar as criaturas.

Uma voz grave ecoou pela taverna:
- Desculpe-me pela entrada turbulenta meus caros, creio que atrapalhei a diversão de vocês. - A criatura pousou a mão esquerda sobre o capuz e o retirou, seus olhos vermelhos brilharam quando as tochas que iluminavam o local tocaram sua face; um sorriso maléfico também estava à mostra. A outra mão levou às costas, puxando uma foice que se materializava a cada movimento de seu braço. A foice era feita de lâmina negra e que parecia ondular quando a luz incidia. Todos ficaram intrigados vendo a arma surgir lentamente das costas do ser.

O taberneiro olhava por trás do balcão a confusão que se formara. Seus olhos não se desviavam das figuras à sua frente. Um dos seres era um shinigami, mas nunca havia visto nenhum que conseguia criar um campo de força. Olhou atentamente cada membro da figura à frente do buraco, onde antes existia uma porta. Suas mãos estavam enfaixadas por um tecido preto até as primeiras falanges, possuía braceletes com jóias vermelhas cada um. Suas botas eram pretas, quase cobertas pelo manto negro e em seu pescoço pendia um colar, mas nenhum que se podia comprar na loja de Kajiya. O colar era prateado e possuía uma pedra verde. O taberneiro sentiu uma leve tontura após olhar continuamente para aquele objeto. Quando voltou a si, viu o ser de capuz rubro levantar o braço e puxar das costas uma foice também. No entanto, era uma foice maior que a de seu parceiro. Esta possuía uma lâmina prateada e várias amarras pretas, que escapavam por entre as mãos e quase tocavam o chão.
- São shinigamis!!! - Alguém gritou do fundo da taberna. O rosto do shinigami de rubro ainda continuava na penumbra de seu capuz. Com sua voz grave falou:
- Muitos de vocês tentam compreender a energia que corre em suas veias. Tentam encontrar qual o caminho mais rápido para chegar a força absoluta. Porém poucos que chegam até ela, conseguem dominá-la. A magia pode ser destrutiva e perigosa para aqueles que não sabem manipulá-la, por isso venho aqui hoje convidá-los a conhecer o verdadeiro poder.

Os atorianos ficaram incrédulos com as palavras do shinigami. Não havia necessidade de ouvir aqueles que causaram problemas logo que chegaram na taverna. Monges, youkais, onis, shinigamis, samurais e ninjas sinalizaram cada qual ao seu modo aos companheiros de sua classes. Não precisavam de palavras para se comunicar. Seus olhares percorrreram rapidamente os olhos dos outros guerreiros, como que dizendo que deviam impedir aqueles shinigamis de causarem mais problemas em Ganzei.

- Seus rostos mostram que não estão convencidos de minhas palavras. Creio que terei que convidá-los à força. - continuou o shinigami de rubro. Ele abriu a palma de sua mão e o círculo de luz avermelhada apareceu e assim que a fechou novamente, este desapareceu no mesmo instante que o campo de força. Estavam desprotegidos. Os shinigamis ficaram em posição de ataque e antes que algum dos atorianos desse a primeira investida uma rajada de energia foi lançada como provocação em uma youkai, que gritou de dor.
- Dracon, precisamos mostrar a esses guerreiros que seus poderes não se comparam ao nosso. - falou o shinigami de negro ao seu colega.
- Claro Elbaf, mas nosso Lorde os quer ainda aptos para lutar. No entanto, deixar alguns feridos não terá problema algum. - respondeu rapidamente o shinigami de rubro.
Os guerreiros avançaram contra os shinigamis. Um monge foi o primeiro a atacar. Seu bastão girou no ar e desceu rapidamente na diagonal para ferir o inimigo, mas cortou apenas o ar. Dracon se esquivou para não ser atingido. Outro ataque foi feito por um youkai, mas foi bloqueado por Elbaf que com sua foice arrancou uma das katars (katares) e com um chute no abdomen do youkai, deixou-o no chão. Dois ninjas tentaram uma estratégia rápida. Enquanto um seguraria o inimigo pelas costas o outro desferiria um golpe com sua kunai no peito do shini. Não foi o que aconteceu. Numa velocidade estonteante o ninja surgiu a dois passos do dorso de Dracon, mas este se abaixou e desferiu sua foice no ninja que surpreso com a antecipação do inimigo não conseguiu recuar e foi atingido acima da cintura pela lâmina. O outro ninja foi surpreendido por Elbaf que com sua força, engueu-o com a foice e o lançou em direção ao teto. Mais um oni tentou investir, descendo sua clava na direção de Dracon, mas este se esquivou novamente e em um giro lançou uma rajada de energia no oni que bateu estrondosamente contra o balcão de bebidas.
Dois shinigamis contra trinta guerreiros, aparentava um luta fácil e sem maiores esforços. No entanto estavam enganados. Os shinigamis detinha um poder muito maior que os atorianos presentes.

- Já brincamos o bastante Elbaf, essa situação já está enfadonha demais pra mim. Vamos levá-los! - disse Dracon. Elbaf fez que sim com a cabeça e colocou a foice em suas costas. Em um juntar e abrir de mãos um smog* verde surgiu entre elas e Elbaf a lançou contra os guerreiros, nem o taberneiro escapou da massa de ar que também o envolveu. Em instantes o smog entrou pelas narinas dos guerreiros que ficaram imóveis. Podia-se ver somente os olhos se agitarem, único órgão do corpo que ainda tentava resistir e quebrar aquele estado de inércia. No entanto não durou muito, lentamente seus olhos mergulharam no ébano e este envolveu a visão dos guerreiros. Não existia mais atorianos ali, somente um pequeno exército de criaturas dominadas e prontas para receber ordens e morrer por elas.










*Smog = É identificado por uma grande massa de ar estagnado em conjunto com vários gases, vapores de ar e fumaça.

Para a surpresa de Elbaf e Dracon eles não eram os únicos na Taberna dos Viajantes que estavam ilesos ao smog. Próximo a entrada da taverna estava um samurai de porte majestoso que olhava fixamente para os shinigamis.
- Vocês estão usando sabiamente os objetos dados por nosso Lorde, parabenizo ambos pela sutileza. Mas apesar do poder que esses eles que emanam, um dia vocês precisarão usar suas próprias forças e não será de nenhuma agrado o Lorde descobrir que vocês o desapontaram como guerreiros. Elbaf olhou friamente para o samurai e respondeu rispidamente:
- Nós temos total controle sobre eles, não somos facilmente dominados pela magia que decorre dos objetos, não há nada perder, nossas mentes e almas já foram corrompidas há muito tempo. O Lorde sabe do potencial destrutivo que o artefato pode trazer, por isso o dividiu em 3 objetos e nos escolheu por sermos realmente poderosos, pois somos suficientes resistentes à influência do artefato. Ainda não o vi usar, está economizando magia por acaso ? - Os olhos de Elbaf ficaram ainda mais vermelhos quando olhou com maior intensidade para o samurai. Dracon apenas comentou:
- Certa vez ouvi de um velho que dominar magia é ser dominado por ela , creio que essas palavras se encaixam no seu perfil, não é Pintchersr ?

Vozes ecoavam na sala de reuniões do Olympus. Um alvoroço tomou o lugar. Jolteon, Kalil e Draclaw eram interrogados a todo instante. Jolteon foi o primeiro a se manifestar sobre o relatório a respeito das criaturas encontradas nos limites de Ganzei. Sua voz falhou nas primeiras palavras. Ergueu a cabeça, olhou diretamente para Poseidon, sem desviar seu olhar para outra direção e falou:
- Kalil, Draclaw e eu fomos à Torre de Ganzei para solicitar ao Pintchersr e a Marinaul informações sobre o acontecimento matutino. Após a autorização de nossa entrada nos dirigimos à sala de Marinaul, dois lances de escada abaixo da de Pintchersr, mas não o encontramos e de imediato fomos informados que havia se dirigido ao Dojo do Mestre Traili há uma hora atrás. Nos direcionamos à sala de Pintchersr que nos recebeu, entretanto percebi...Creio que não somente eu que, seu semblante apresentava um certa decepção em nos ver, não demonstrando nenhuma afeto por seus companheiros. Pensei que fosse pela quantidade trabalho a se fazer, já que era um homem ocupado, mas me enganei assim que ele soou suas primeiras palavras. Cada palavra pronunciada confirmava que aquele Pintchersr havia mudado e não era mais o mesmo.

" - Ora ora, por qual motivo os ventos os trazem aqui olympianos ? Estou muito atarefado como podem ver então peço que sejam breves... Como as notícias voam não é meus caros companheiros ? Não se preocupem quanto ao horrendo fato desta manhã, estamos investigando para descobrir quem foi o autor de tal ato... Jolteon, não precisa informar nada a Poseidon, na verdade não há nada que ele precise saber, tomar conta de sua própria vida é o que ele faz de melhor e vocês deveriam fazer o mesmo ... Não insistam, já dei minha palavra de que estamos investigando, não precisamos de ajuda... Guerreiros exímios sabem que as queimaduras das criaturas foram feitas por magia, não precisamos de esclarecimentos quanto a isso ... Deixo um aviso a vocês colegas, a magia como vocês e todo atoriano sabe, é rara e caótica, mas sabem tão bem que dependendo daquele que a possui, esta pode ser destrutiva e perigosa, tomem isso como um aviso e não interfiram onde não são chamados ..."

A sala de reuniões do Olympus estava agitada. Todos sabiam que Pintchersr era famoso por ser um samurai solícito e dedicado. A união de seus companheiros era prioridade não somente para ele, mas para qualquer guerreiro olympiano. O que Jolteon falou naquela noite parecia ser apenas uma brincadeira, mas as palavras foram ríspidas demais para serem ditas a um companheiro.

Ações são mais comprometedoras do que palavras ouvidas. E isso seria confirmado por Sawako na manhã seguinte após a reunião do clã.
Após deixar para trás o Portal dos Mares e seguir em direção à casa de Mimi, a youkai sentiu uma presença ameaçadora e ao se virar sua katar chocou-se contra a lâmina de uma katana. Forçando para trás a figura que segurava a arma, ela não pode ver quem a ameaçava, pois um manto com capuz verde-musgo ocultava a face do inimigo, entretanto era óbvio que havia um samurai por trás daquela veste. Precisava derrotá-lo. Sawako tentou dar dois passos para frente, mas mal conseguiu fazê-lo. O samurai era pesado demais para empurrar, apesar de sua força acima do normal. Em um rápido movimento a lâmina fria se soltou, deslizou sobre sua coxa e terminou em seu joelho. Um fio de sangue escorreu e a youkai cambaleou. Quando o samurai se movimentou para fazer-lhe um novo corte, Sawako pulou e com um giro desceu sua katar na direção do oponente, mas este se esquivou rapidamente, mas não a tempo da outra katar rasgar o manto desde o pescoço até a metade das costas e se dividir em dois. A youkai havia fintado e o samurai deixou-se enganar. Enquanto a veste caia dos ombros do samurai Sawako se virou, mostrou um sorriso no canto da boca deixando à mostra uma de suas presas.

- Um simples corte não me abala samurai! Quem mata pela lâmina, deve estar preparado para morrer pela lâmina. Espero que você ... - No momento que começou a falar e seus olhos se encontraram com os do samurai não conseguiu terminar de pronunciar suas palavras referentes à façanha. Estava ali à sua frente o samurai mais honrado de Ganzei. Seus olhos não podiam acreditar no que estava à sua frente. Pintchersr a olhava com um sorriso debochado.

Sawako porque está tão espantada ? Faz tempo que não nos vemos não é ? - Pintchersr se aproximava lentamente da youkai e Sawako correspondia os movimentos do samurai dando passos para trás.
- O que você pretendia fazer Pintchersr ? Por que me atacou ? Você não tem a mesma aura de antes, o que aconteceu com você ? - Diversas perguntas vinham de Sawako, mas nenhuma resposta foi ouvida naquele momento. Como um raio o samurai avançou contra a youkai. Sua katana e as katares de Sawako tiniram. As armas soavam agudamente a cada investida. A agilidade no manejo das armas era necessária, e ambas as classes possuíam esse atributo tão necessário para assegurar a sobrevivência naquele momento. Qualquer um poderia recuar ao saber que lutaria contra um amigo, mas o pesar da dor de Sawako não era maior que sua obstinação em vencer aquela luta.

Pintchersr pressionou sua arma contra a de Sawako. A youkai percebeu que os olhos do samurai foram tomados lentamente pelo ébano e logo não havia mais cor, apenas um negro profundo. Ao mesmo tempo a espada empunhada começou a reluzir um tom laranja e em um instante está aumentou de tamanho e uma Kubikiri Houcho* negra se materializou. A lâmina da espada flamígera vibrava. Sawako forçou suas katares e uma tênue luz azul envolveu-as e estas brilharam num azul celeste. As energias coloridas dos dois guerreiros ondulavam entre as armas.
A arma de Pintchersr agora era um fardo para Sawako. Ela não resistiria por muito tempo a pressão tanto que foi arremessada por Pintchersr a 10 metros de distância. A youkai caiu no chão apoiada com um dos joelhos, mas não se levantou. Um corte profundo fora feito em seu abdômen. A dor era insuportável, mas não podia desistir. Cada movimento era agonizante. Ficou em pé e assentou levemente a mão na bolsinha presa à sua coxa. Algumas poções do Mimi sempre eram carregadas por Sawako e a de cura era a que não faltava nunca. Pegou um vidro que continha um líquido leitoso e derramou sobre o corte. O sangue foi estancado, mas a cicatriz que se formara continuará em seu corpo.



*Kubikiri Houcho = É uma grande e poderosa espada usada por Zabuza (Naruto). Tem cerca de 100 cm de comprimento no total e só a lâmina tem aproximadamente 73 cm.
Kubikiri Houcho 1
Kubikiri Houcho 2

Pintchersr se aproximava lentamente. Parecia brincar com Sawako e não tinha pressa de se desfazer tão brevemente da youkai. Sawako estava enraivecida. Suas sobrancelhas franziram e seus olhos miraram o corpo do samurai. Iniciou uma curta corrida, tomou velocidade e avançou com a katar no pescoço de Pintchersr, que bloqueou com a Kubikiri Houcho. Um salto mortal de frente a fez parar às costas de Pintchersr que virou meio corpo e cortou o ar na horizontal. Sawako havia se abaixado e passou profundamente as lâminas da katar na panturrilha direita do samurai. Pintchersr urrou e desceu a espada na diagonal de encontro ao chão, mas Sawako pulou para trás. No primeiro passo a perna direita de Pintchersr curvou-se sob o peso de corpo e este teve que se apoiar com a espada .

-Empunhe sua espada e ponha-se de pé traidor !!! - Apesar das palavras, a youkai não querendo admitir, sabia que Pintchersr era forte demais para ela. Seu nível não era muito distante do dele, mas a experiência contava pontos e honra. Precisava bolar um plano rápido para derrotá-lo ou apenas retardar aquela luta para quando estivesse reunida com mais olympianos.
- Sawakoooo!!! - Pintchersr gritou. Agora a espada flamejante estava envolvida em chamas e uma forte luz verde emitiu do braço esquerdo do samurai. Uma pedra oval brilhava notavelmente. Sawako em um pensamento rápido, se atirou em direção a Pintchersr, focalizando o bracelete.
" Todo equipamento aumenta nossos atributos e aquele bracelete não parece ser comum. Tem algo estranho com aquela peça... "

Sawako atacou de frente, as katars se prenderam novamente na lâmina da espada. Com a força do samurai seus pés cravaram no chão. Pintchersr com as duas mãos no cabo da espada chutou o abdômen da youkai e esta sentiu seu estômago revirar, mas não cedeu. Com um grito e um empurrão soltou uma de suas mãos e com precisão acertou o bracelete dele. Conseguiu trincar a pedra cravada, e antes de dar um sorriso de contentação, Pintchersr deu-lhe uma cabeçada na testa. Seu crânio pareceu rachar e mais um fio de sangue escorreu pela sobrancelha direita e terminou embaixo da maçã direita do rosto.
Sawako!!! - Pintchersr gritou novamente. Entretanto, seus olhos haviam voltado à cor natural (verde?) e esses estavam tristes. Mate-me antes que seja tarde demais! Faça isso antes que o bracelete volte ao estado normal... – A youkai não entendeu nada. Pintchersr estava tentando matá-la momentos antes e agora pedia para que fosse morto.

- Saw, há ocasiões em que você precisa estar na defensiva para salvar seus amigos, mas nas outras vezes, você terá que atacar os inimigos, nem que esses tenham sido seus amigos um dia ! Tenha isso em mente! Mate-me agora!!!
Antes de atender ao pedido, Sawako viu a pedra brilhar e as rachaduras sumirem. A pedra oval havia se regenerado e os olhos do samurai se tornado negros novamente.

A situação estava crítica.
Pintchersr avançou com tudo contra Sawako. A youkai cruzou os punhos e postou as katars à sua frente. A espada do samurai desceu rapidamente e parou entre a arma de Sawako. Cada vez mais a lâmina se aproximava da fronte da guerreira.
- Você ainda é fraca youkai!
- Fraco é você, que se deixou tomar pelas forças sombrias! – Sawako resmungou com os dentes cerrados, tamanha era força que pressionava seus braços e corpo para trás. Pintchersr apenas mostrou um sorriso cínico no canto da boca. O fim da luta estava próximo.

O azul celeste da arma da youkai estava enfraquecendo. Não tinha mais forças para enfrentá-lo, mas mesmo assim resistia o máximo possível. Pintchersr ergueu sua espada e com força atingiu a arma de Sawako, e ao defender o golpe, duas lâminas da katar esquerda se partiram. A arma não mais brilhava. Sawako estava desprotegida, uma katar não deteria a espada de Pintchersr. Mais um golpe foi desferido, este seria o golpe que com certeza acabaria com a vida da youkai, contudo antes de Sawako desfalecer, o golpe foi bloqueado.
Devido ao bloqueio o ar ao redor foi impulsionado para fora e então, ao longo da katana que bloqueava a espada de Pintchersr via-se um samurai de cabelos negros e olhos vermelhos. Marinaul olhava-o seriamente.

O ar pesava. Sawako sentia seu corpo ser comprimido pela força que emanava dos corpos dos samurais.
Pintchersr enfurecido, recuou rapidamente a Kubikiri Houcho e esta diminui de tamanho, voltando à sua forma orginal de katana. Seu olhar era desafiador e convidava Marinaul a duelar contra ele.

Pintchersr deu a primeira investida em Marinaul. Este segurou a lâmina com a mão, desviou de seu peito e olhando para a própria mão cortada, falou:
- Não precisamos lutar Pintchersr! Não agora!
Marinaul não sabia o que havia ocorrido na noite anterior, mas percebeu há muito tempo que Pintchersr havia mudado.
Pintchersr parou por um momento e rapidamente golpeou Marinaul, como se as palavras não tivessem surtido efeito. As katanas tiniram quando se encontraram e novamente o ar foi impulsionado para fora. Cada vez mais rápido os samurais se golpeavam, mas não atingiam nenhuma parte de seus corpos, ambos eram incrivelmente hábeis no manejo da espada.

Aquela luta poderia durar horas, um dia ou mais, entretanto fora interrompida no momento em que Marinaul desferiria um golpe abaixo da costela de Pintchersr e antes deste bloquear, Elbaf o shinigami de rubro interrompeu criando uma escudo de força entre Marinaul e Pintchersr.
- Pintchersr, por que perde tempo sabendo que possuímos planos maiores e que precisam ser realizados em breve ?
- Poupe suas palavras Elbaf! Não me interrompa!
- Não interrompi por mero prazer, samurai. O Lorde nos chama! Necessitamos de sua presença. Em breve você mostrará seu potencial desconhecido e será temido, mas não neste momento.

O semblante de Pintchersr demostrava fúria diante da situação em que Elbaf o deixara. Nunca abandonou uma luta, mas era necessário, pois o Lorde o convocara. O último gesto do samurai antes de partir foi erguer a katana e apontar na direção de Marinaul, como que dizendo que aquilo iria continuar em outro momento oportuno. Feito isso, novamente um smog apareceu e Elbaf e Pintchersr desapareceram entre a fumaça verde.
Marinaul precisava levar Sawako a algum lugar para curar suas feridas, mas sabia que o local mais adequado era a casa de Mimi. A youkai ainda podia se levantar mas caminhar já não era tão fácil, estava fraca demais para sustentar o próprio corpo. Apoiada no ombro de Marinaul e com o rosto quase oculto pelo sangue e lama, cambaleava a cada passo.

- Sawako, consegue aguentar até chegarmos na casa de Mimi ? - Marinaul estava preocupado com o estado da youkai, o rosto sério e olhar vago demonstravam tristeza por parte dela.
- Vamos Marinaul, e não me olhe com essa cara de pena ... Precisamos dos outros, chame-os à casa do Mimi.
A situação estava mais do que crítica com Pintchersr oposto às forças olympianas, não só uma preocupação para o clã e sim para toda Ganzei.

Qualquer um poderia identificar a casa de Mimi se passasse pela rua, o cheiro de incenso convidava entrar e relaxar. Em cada cômodo, um atoriano poderia encontrar vários vidros de poções, a loja já não era um lugar suficientemente grande para guardar tamanha quantidade. Mas o local mais surpreendente da casa era a biblioteca do youkai: diversos livros preenchiam prateleiras que alcançavam o teto e olhando atentamente um vidro ou outro estavam perdidos entre as mesmas. Neste aposento estavam reunidos alguns membros do clã Olympus.
- Nem sempre seguimos pelo caminho certo Kalil, o caminho da ambição pode ser apenas um obstáculo para seguir o destino correto, cada um tem seu próprio motivo e no fim um propósito ... – Mimi falava serenamente para a shinigami, que o olhava tentando entender aonde ele queria chegar com aquela conversa.
- Mimi, o senhor está dizendo que o Pintchersr escolheu ficar contra nós por algum motivo, mas não entendo o por quê dele não ter contado nada ... – Sawako, agora com a cabeça e perna esquerda enfaixada questionava Mimi e a si mesma, enquanto se ajeitava em uma poltrona da biblioteca.

- Está além de nossa compreensão, somente o próprio Pintchersr poderá esclarecer isso.
- Mimi enquanto lutava contra ele, percebi que ele me pediu para matá-lo, mas não conseguiu terminar de falar por causa daquela pedra verde que voltou ao normal, mesmo eu tendo a rachado com minhas garras, não consigo entender ...
Mimi não falou mais nada, estava imóvel e olhava fixamente para o chão.
- Não pode ser! Essa pedra não deveria estar em Ganzei, não posso acreditar que a encontraram... – As palavras do youkai saíam trêmulas de sua boca. Poseidon que permaneceu quieto durante a conversa fez o primeiro argumento:
- Essa pedra é o motivo daquelas criaturas terem aparecido nos limites de Atoras ? – O olhar sério de Mimi direcionado a Poseidon foi de confirmação.

- Essa pedra Poseidon, foi o fardo que um samurai carregou durante sua expedição à Gruta das Tentações até o dia em que morreu por ela, somente os anciãos conhecem a história sobre a Pedra de Cronos.